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Aumenta participação feminina no mercado de trabalho no segmento de seguros

15/12/2016
Tempo de leitura 4 min

Fonte: CQCS

No segundo semestre, a Escola Nacional de Seguros apresentou o 2º Estudo Mulheres no Mercado de Seguros no Brasil, com indicativos de que as mulheres são a maioria no setor, porém, enfrentam desigualdade de oportunidades e ganhos.

A diretora de Ensino Técnico da Escola Nacional de Seguros, Maria Helena Monteiro, falou com exclusividade ao CQCS sobre as conclusões mostradas na pesquisa. Segundo ela, a nova edição do estudo demonstrou maior interesse sobre o assunto do que o anterior, já que no primeiro estudo, em 2013, foram 76 entrevistadas. “Nessa edição da pesquisa o número passou para 316 participantes”, disse.

Assim como em outros segmentos, o salário médio das mulheres fica para trás em relação ao dos homens: no setor de seguros, os ganhos das mulheres correspondem a 72% do que o que os homens recebem. Nas seguradoras, o salário médio deles é de R$ 5.371, enquanto o delas gira em torno de R$ 3.900.

O estudo apontou também que as mulheres são maioria no setor. No ano 2000, a participação feminina em seguradoras era de 49% e, em 2015, subiu para 56%. “Mais de 60% das entrevistadas acreditam que a situação da mulher no mercado de seguros está melhor ou muito melhor, no que se refere às oportunidades de crescimento profissional, quando comparada à realidade de três anos atrás”, destaca Maria Helena. No entanto, menos de 30% das seguradoras têm políticas para promover igualdade de oportunidades para homens e mulheres. Os projetos mais comuns, segundo a diretora, são a realização de processos para determinados cargos e formação de grupos, e a criação de comitês que discutam a diversidade.

Ela acrescenta ainda que o cenário demonstra estagnação e indica que a evolução das mulheres no setor pode estar chegando ao limite, inclusive porque elas assumem responsabilidade desproporcional em atividades não remuneradas. “Em média, elas dedicam diariamente, em trabalhos domésticos, de uma a três horas a mais do que os homens, e de duas a 10 vezes mais o tempo dedicado a crianças, idosos e doentes”, salientou. Segundo a pesquisa, 85% das entrevistadas concordam que é difícil conciliar trabalho e família. Já 60% delas acreditam que as oportunidades profissionais são iguais em relação aos homens.

Falta liderança

Apesar de serem maioria no mercado, as mulheres respondem por menos cargos de liderança. Apenas 28% delas chegam a ocupar cargos executivos. Em nível de gerência, 61% são homens e 39% são mulheres. Nas seguradoras, os homens têm 3,5 vezes mais chances de ocupar um cargo executivo. “O estudo apontou que as mulheres são até mais qualificadas, mas têm mais dificuldade em se candidatar a posições de liderança, por receio de não estarem prontas para o cargo ou não conseguirem conciliar com as demandas da vida pessoal”, diz Maria Helena.

Outro dado importante revelado pela pesquisa é que as mulheres são importantes consumidoras de seguros, porque compram proteção para si mesmas, maridos, filhos e pais. Em 2013, os prêmios de seguros para mulheres foram de US$ 770 bilhões. Até 2030, esse valor tende a dobrar. Em seguros de vida e de ramos elementares essa proporção de crescimento deverá ser a mesma. O destaque será para os produtos de seguro saúde, que têm previsão de crescimento de três a quatro vezes nesse período.

O estudo mostrou ainda que as mulheres se destacam como corretoras. “Um ponto de diferenciação refere-se à capacidade feminina de desenvolver relacionamentos, maior sensibilidade, perspicácia e visão mais humanista e ampla das situações, o que faz com que as mulheres mantenham uma relação de confiança com os clientes no longo prazo”, analisa a executiva.

Para Maria Helena, no passado as mulheres tinham que “se parecer com os homens” para conseguir progredir na carreira, o que incluía comportamentos e até a austeridade na vestimenta. “Felizmente isso mudou muito. Atualmente, as mulheres podem exercer sua feminilidade no trabalho e o mundo está muito mais aberto para aceitar e conviver com a diversidade de gêneros”, diz ela.

Ela finaliza destacando a importância do estudo: “Se não mensurarmos, não conseguiremos avaliar nossos avanços. Essa iniciativa da Escola Nacional de Seguros é importantíssima para indicarmos os caminhos para o progresso na questão da presença feminina no mercado de seguros”, conclui.

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