Fonte: Economia em Dia
A ata da última reunião do Copom, divulgada hoje, corrobora a expectativa de manutenção da Selic no patamar atual por um período prolongado. Após decidir pelo fim do ciclo de aperto monetário, o Banco Central deverá manter a taxa de juros inalterada em 14,25% ao menos até o início de 2016. O documento ainda chama a atenção para a piora do balanço de riscos tanto no cenário internacional como doméstico, com destaque para a depreciação recente do câmbio – que após os eventos recentes, deverá ser monitorada de perto pela autoridade monetária. Por outro lado, ressaltou que esse movimento “começa a traduzir-se em melhores resultados para o setor externo”.
O Copom revisou novamente sua projeção para os preços administrados neste ano, de 14,8% para 15,2%, com base nos choques ocorridos no primeiro semestre e nos impactos deles decorrentes. Com isso, tanto no cenário de referência como de mercado, as projeções para a inflação deste ano se elevaram em relação ao estimado na reunião anterior, permanecendo acima da meta de 4,5%. Para 2016, no entanto, a projeção de inflação foi reduzida no cenário de referência, situando-se agora em torno da meta de 4,5%, e ficou estável no de mercado, seguindo acima da meta.
A despeito desses ajustes de preços, o Comitê defende que “a política monetária pode, deve e está contendo os efeitos de segunda ordem deles decorrentes, para circunscrevê-los a 2015”. Adicionalmente, em outro trecho do documento, afirma que “certos riscos remanescentes para que as projeções de inflação do Copom atinjam com segurança o objetivo de 4,5% no final de 2016 são condizentes com o efeito defasado e cumulativo da ação de política monetária”.
Por outro lado, destacou uma piora de risco tanto no cenário internacional como doméstico. No exterior, chamou a atenção para o aumento da volatilidade internacional, que afeta diretamente importantes economias emergentes. Internamente, ressaltou que “a perspectiva de nova mudança de trajetória para as variáveis fiscais, implícita na proposta orçamentária para 2016, afetou as expectativas e, de forma significativa, os preços de ativos”. Com isso, defende que “a política monetária se mantenha vigilante em caso de desvios significativos das projeções de inflação em relação à meta”. Adicionalmente, reforçou “que a manutenção desse patamar da taxa básica de juros, por período suficientemente prolongado, é necessária para a convergência da inflação para a meta no final de 2016”.
O Copom ajustou novamente para baixo sua visão acerca da atividade econômica, ressaltando que o processo de desaceleração da absorção doméstica “está sendo intensificado pelas incertezas oriundas de eventos não econômicos”. Nessa direção, cabe chamar atenção para o aumento mais intenso que o esperado da margem de ociosidade no mercado de trabalho, “com dados confirmando a aceleração de um processo de distensão nesse mercado”.
Em suma, o Banco Central chegou ao fim do ciclo de aperto monetário e deverá manter a taxa Selic inalterada em 14,25% por tempo indeterminado. Acreditamos que o próximo movimento será de redução dos juros, ainda que isso ocorra apenas no próximo ano, considerando o compromisso da autoridade monetária com a convergência da inflação para a meta. Em nossa visão, a continuidade da fraqueza da atividade econômica deverá favorecer a trajetória de inflação no próximo ano.
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