Fonte: CQCS
Contratar um seguro é um hábito cultural que vem crescendo aos poucos no Brasil, na contramão de cenários econômicos instáveis em que o consumidor busca alternativas para conter os gastos. Em 2016, a tendência é de que muitas famílias e empresas façam cortes em seus orçamentos e mantenham apenas os serviços essenciais. Neste contexto, o seguro vem se firmando como um item de primeira necessidade, pelo fato de proteger o patrimônio, a saúde e a vida dos indivíduos. Entretanto, apesar do movimento de expansão, a cultura de proteção entre os brasileiros ainda está longe do panorama ideal.
Apenas um em cada três carros possui seguro auto no País, e apenas uma em cada dez casas está protegida com seguro residencial. Quando o assunto é seguro de vida ou saúde individual, a situação mais comum é a pessoa ter estes tipos de seguro por conta de vínculo empregatício. O seguro viagem, por sua vez, costuma ser contratado na maioria das vezes em roteiros de viagens para a Europa, por ser obrigatório, de acordo com o Tratado de Schengen. Além disso, são poucas as pequenas e médias empresas brasileiras que possuem um seguro empresarial contra roubo, furto, incêndio ou outros incidentes.
Uma novidade que podemos ter este ano é o seguro popular de automóvel, que permite a utilização de peças usadas no conserto de carros segurados. A Superintendência de Seguros Privados (Susep) abriu uma consulta pública sobre o assunto e em breve devemos ter respostas. Uma das características do seguro auto popular é ser exclusivo para veículos com cinco ou mais anos de fabricação – faixa que costuma resultar em valores mais altos após uma cotação, especialmente pelo valor de peças de reposição. Ter um produto que englobe mais uma fatia do mercado por um preço mais acessível é um fator positivo para o nosso segmento.
De acordo com relatórios da Fitch Ratings, desde 2013 os resultados financeiros das seguradoras acompanharam a alta da Selic. A taxa de juros alta tem impacto direto na remuneração das reservas técnicas e é parte importante na formação de lucro das companhias. Para 2016, a projeção da CNseg (Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização) é de que o mercado de seguros arrecade mais de 400 bilhões de reais e cresça 10,3%, em comparação com 2015. A CNseg ainda não fechou o balanço do ano de 2015, mas, em 2014, este número atingiu mais de 327 bilhões de reais.
Um levantamento que realizamos na Minuto Seguros mostra que, entre os clientes que contratam uma apólice de carros conosco, 70% estão fazendo isso pela primeira vez. Os números indicam ainda que estes compradores possuem entre 35 e 40 anos de idade e que os carros seminovos correspondem a pouco mais de 80% da base segurada. Por isso, estou certo de que o mercado de seguros possui um potencial de expansão muito grande no Brasil e que para materializar esse crescimento é importante oferecer condições favoráveis e atendimento especializado para que os novos clientes se aproximem do setor, possam comparar as diversas propostas e avaliar a mais adequada de acordo com o seu perfil.
A internet e o caráter de inovação da plataforma digital no ramo de seguros surgem como um meio de desmistificar o produto para quem ainda não o conhece e não possui um corretor. As ferramentas tecnológicas permitem que trabalhemos de forma ágil e transparente, no entanto vale frisar que o atendimento humano e o apoio de técnicos especializados continuam sendo fundamentais para que o cliente faça a escolha certa.
A presença nos canais digitais é muito importante se considerarmos o potencial de crescimento que eles possuem. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o acesso à internet em domicílios chegou a 85,6 milhões de brasileiros, o equivalente a 49,4% da população. Os dados são referentes à Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2013. Por outro lado, uma pesquisa do instituto Datafolha divulgada em 2015 apontou que 82% dos brasileiros não possuem nenhum tipo de seguro.
Em mercados desenvolvidos, o seguro possui um papel importantíssimo como formador de poupança nacional. Grande parte das reservas das seguradoras são investidas em itens ligados à melhoria da infraestrutura dos países. O seguro tem uma função social e, no Brasil, não deveria ser diferente. O setor é fundamental para o País, até mesmo em situações catastróficas, como o rompimento da barragem de Mariana, por conta de ser um segmento extremamente sólido e capaz de fazer frente aos mais diversos riscos, garantindo a continuidade de negócios e a reposição de bens, além dos benefícios proporcionados pelos seguros de saúde e vida dos indivíduos.
Espero que em 2016 possamos dar passos mais determinados nesta direção. Os seguros deveriam estar nas conversas do dia a dia, das pessoas e do governo, como uma forma de ajudar o crescimento do País, liberando os recursos das empresas e das pessoas para investimentos em inovação, empreendedorismo e ganhos de produtividade e competitividade internacional, com a consequente geração de bons empregos.
No Comments